“Não sou de postar relatos pessoais, mas pensando que posso ajudar outras gestantes, segui o conselho da minha doula e fiz o relato do meu Parto. Ainda é difícil mensurar tudo que passamos neste ano! Estava tudo certo, desde a descoberta da nova e mais que planejada gravidez, só que o diagnóstico de trombofilia e […]
“Não sou de postar relatos pessoais, mas pensando que posso ajudar outras gestantes, segui o conselho da minha doula e fiz o relato do meu Parto.
Ainda é difícil mensurar tudo que passamos neste ano! Estava tudo certo, desde a descoberta da nova e mais que planejada gravidez, só que o diagnóstico de trombofilia e a necessidade da aplicação diária de injeções me fez repensar todo processo e desejar parir mais perto da minha cidade natal.
A necessidade de ressignificar o que vivemos no parto do nosso primeiro filho era latente, não queria outra cirurgia, não queria analgesia (e nem seria recomendado pela trombofilia), queria doula, sim! Por saber da sua importância, apesar da maioria que me rodeava dizer que isso era luxo, inapropriado e até imprudente.
Ouvi muitas frases que me desmotivaram ao longo da gestação.. “parir sentindo dor? Vc não é animal”, “você é tão fiteira, acha mesmo que vai dar conta?”, “uma vez cesárea, sempre cesárea” , “vai gastar dinheiro com isso, que absurdo!”, “seu bebê pode ter anoxia, pode nascer com retardo mental, eu conheço um caso…”. Até que me indicaram um médico em Sorocaba, dentre os muitos que eu já tinha passado, que – pasmem – aceitava esse negócio de doula e fazia partos normais em um hospital que aceitava meu convênio (ufa!). Desde a primeira consulta o Danylo nos passou a confiança que precisávamos, eu estava muito insegura com a aplicação das injeções e de remar contra a maré que nos rodeava em busca do meu parto. Sabia que minha gestação teria um prazo, por conta da trombofilia e isso me angustiava também. Muitos me disseram que se passasse das 39 semanas teríamos que agendar a cirurgia, já que minha placenta não iria dar conta e eu não poderia ser induzida, pois tinha cesárea prévia..o Danylo teve a delicadeza de analisar o caso individualmente, se tivesse que esperar um pouco mais, tudo bem! E nossa, como isso me tranquilizou!
39 semanas e 3 dias, tivemos consulta, fizemos um descolamento de membrana bem suave (procedimento em que não senti dor alguma) e fui pra casa tranquila.
Outro medo que eu tinha (sim, muitos medos) é que minha bolsa estourasse fora do trabalho de parto. Pois com meu primeiro filho ocorreu exatamente assim, 37 semanas, bolsa rota sem dilatação, 03h depois estava na mesa de cirurgia.
E não é que quando a gente tem medo, acontece..às onze da noite minha bolsa estourou.
Nesse meio tempo, minha doula Karen, sem nada saber, me envia mensagem (sim às onze da noite) dizendo que precisávamos montar nosso grupo de whatsapp para o parto, pura conexão!
Decidimos ir para Sorocaba, para fazer o cardiotoco e já internar. Não sentia contrações ainda, tentei disfarçar meu nervosismo, o que eu mais queria é que meu corpo respondesse.. Como eu estava com uma equipe em que confiava demais não vi problemas em uma internação antecipada. Cheguei no hospital por volta da 1:00, fui avaliada e fomos para o quarto. Lá pelas 4 da manhã (05h após o rompimento da bolsa), meu corpo começou a reagir e as contrações se iniciaram com maior frequência.
A Karen chegou, nos ajudou com as massagens, encheu a piscina com água quentinha (santa piscina!) e nos deu todo o suporte que precisávamos naquele momento.
Meu trabalho de parto foi rápido, 04 horas de fase ativa e meia hora de expulsivo. Lembro que senti muita dor, pedi analgesia incansavelmente rsrs, mas o engraçado é que, hoje, não consigo associar essa dor com algo negativo! Na lembrança me vem apenas uma sensação boa, de felicidade, quando me lembro de todo o processo.
Stella nasceu às 8:45 do dia 08/11, com 3,030kg, em um parto natural, veio direto para meu colo, não foi aspirada, não pingaram colírio, mamou na primeira hora de vida, fizemos pele a pele por muitas horas, só tomou banho no sábado a tarde, quando já estávamos em casa.
Vejo que toda a busca por conhecimento valeu a pena, hoje a mulher precisa lutar para ter o seu parto, poucas tem rede de apoio pra isso.
Estão nos tirando o direito de vivenciar todas essas sensações de um parto respeitoso, algo que é inerente à nossa natureza e por quais motivos?
Seja por dinheiro, pela disponibilidade do médico, seja pela cultura do medo convenientemente instaurada.
Só tenho a agradecer a toda a equipe que me acompanhou, ao Ricardo que ficou mais cansado que eu no dia seguinte rsrs, a minha doula querida @karencambero_fisio que, claro, foi fundamental em todo o trabalho de parto, mas mais que isso, que nos proporcionou um dos momentos mais lindos que vivemos como casal (e aqui me refiro àquele encontro, ainda antes do parto, em que pudemos realmente nos conectar e perceber a imensidão de tudo em que estávamos vivendo, aquele ‘olho no olho’ que nos fez desabar em lágrimas), ao @danylo.honorato por dedicar sua vida a um trabalho tão bonito e por aguentar toda minha insegurança ao longo da gestação e a pediatra @anazukauskas que nos atendeu com muito carinho. Vai ser dificil me desapegar dessa equipe! 💙”
Depoimento feito por: Lígia Victorio
Instagram: https://www.instagram.com/ligiavictorio/